Como a maioria das
mulheres, eu quero ser mãe. Porém não serei uma mãe comum (que fique bem claro
que toda mãe é especial e única). Falo de coisas de mãe que farei aos avessos.
Isso mesmo, quero ser eu criança, antes do meu filho. Melhor ainda, ao mesmo
tempo que ele. Quando ele tiver três anos, por exemplo, a fase que pergunta
tudo, não ousarei em responder suas lindas perguntas, mas responderei como
criança que serei, também com três anos...
- Mamãe, por que o
céu é azul, hein?
- Porque antes ele
era todo branco, como as nuvens, mas duas crianças (um menino e uma menina)
estavam brincando com tinta e a menina pintava mais bonito que o menino e
ficava rindo dele, então o menino disse: "o seu desenho pode ser mais
'certinho', mas o meu será o maior de todos", e jogou toda a tinta que
tinha no céu, e ele ficou azul.
- Ah, entendi! Mas,
mamãe, por que de noite aparece estrela? Onde elas ficam de manhã?
- As estrelas são
crianças de outro mundo. Elas passam o dia brincando de se esconder pelo o
universo, e à noite, já cansadas, precisam dormir e descansar. O céu
é um enorme cobertor... Por isso, suas mamães põem elas para dormir e as cobrem
com o céu, aí a gente fica vendo elas por baixo.
- Ah... é por isso!
- Mas é claro.
E serão assim todas as
nossas conversas sobre as coisas da vida. Vindas da imaginação, da poesia, do
coração. Quero que meu filho se orgulhe, não de ter uma mãe que soube todas as
explicações exatas sobre a vida, mas que durante toda a vida soube exatamente o
que era importante explicar.